ATÉ AGORA

Nesses três dias não escrevi nada, fiquei com uma frase de O Natimorto do Lourenço Mutarelli presa na cabeça como se fizesse parte da minha massa cefálica “A VIDA É UMA DOENÇA FATAL SEXUALMENTE TRANSMISSIVÉL”
E levantando algumas informações sobre os trabalhos do cara na net mesmo, fiquei sabendo que nos éramos vizinhos de bairro no final dos anos 90, separados apenas por uma linha de trem.
Mundo pequeno não!?!?

LUCUBRAÇÃO DE UM EREMITA AMBIVALENTE

O que você esta pensando? Não se tem nada para pensar! O que? Não! Isso nunca daria certo e você sabe disso. Você vai sair pra rua? Vai falar com quem? Você tem alguém pra conversar? As paredes do seu quarto não te escutam mais? A solidão é um lugar ótimo. Pode enfiar o dedo no nariz, coçar o saco, cuspir pela janela, aqui não tem câmeras não precisa fingir nem fazer poses no espelho.
Se sente cansado? Mas você não fez nada a semana inteira! Sei bem como é. É difícil encarar os fatos meu caro. Não há diversão, não há mais amigos, não há bom emprego, não há mais abrigo, crianças e idosos em caixas de papelão condenados a morrer de frio.
Escarre esse sangue coagulado preso em sua garganta acumulado após inúmeros socos no estomago e apunhaladas pelas costas. Para que segurar tanta coisa se você já sabe que tudo tem o mesmo fim? Não se desgaste a toa rapaz.
Você está ficando velho meu caro, deveria ter algo mais do que apenas uma cabeça cheia de utopias. Olhe a sua volta. Eu não estou brincando, você pode enxergar. Existem duas coisas das quais não se consegue fugir, os radicais livres e o pó. Eles não são nada educados, não dão nenhum tipo de satisfação ou respostas apenas agem e executam sua fúnebre ação, ou você acha que vai ter um final diferente daquele mendigo nojento ou de um leproso? Aposto que no fim ninguém saberá distinguir a diferença entre vocês, a não ser que tenha a sorte de ser classificado como um indigente. Poderá assim ser o centro das atenções e de piadinhas de cunho jocoso numa sala de anatomia qualquer mergulhado no formol, sendo mal manipulado o que tanto cativou.
Aqui ou em qualquer lugar ninguém quer saber qual é o seu ponto de vista ou se esta ou não conformado, as coisas somente são impostas sem nenhum consentimento e assim quem melhor se adaptar a essa podridão toda estará na frente e poderá pisar, humilhar e apontar o dedo na cara de quem quiser, sempre de nariz empinado e com o coração duro como aço, espalhando medo e sangue por onde bem entender. E o que você poderá fazer? NADA! Você é só um inocente e singelo expectador amordaçado e com os olhos vendados.
Agora vá dormir, já pensou besteira demais por hoje.

MERDA NA CABEÇA

O planeta inteiro é um grande monte de bosta, no qual somos cativos. Fome, miséria, violência, injustiça, ganância, desespero, ódio, abuso, terror, destruição... E todos nós somos como vermes, se sairmos da merda morremos.

SE FOR VOMITAR ABRA A PORTA

- Esta com calor? Vou abaixar um pouco os vidros.
- Depois de quase duas horas aqui dentro esta sufocante. Dá até pra escrever nossos nomes no pára-brisa.
- Deixe de besteira, quanta babaquice!
- Você não é nada romântico não é?
- Quero tomar alguma coisa! Veja por favor, se ainda tem um pouco de vodka ou cerveja debaixo do banco.
- A garrafa ainda esta quase pela metade e ainda sobrou algumas latinhas. Mas já vai amanhecer e você ainda vai trabalhar, não acha melhor ir com calma?
- Poupe-me de conselhos!
Tomei bruscamente quase que todo o conteúdo da vodka com uns três ou quatro longos goles, abri uma cerveja e a observei me fitando.
- Que foi?
- Como você aguenta? Eu já estou tonta depois de tanto beber esta noite!
- Se for vomitar abra a porta, não quero lavar esse carro tão cedo e muito menos aturar um aroma fétido aqui dentro.
- Nossa como você é insensível!
Voltei para cerveja, mas ela não parava de me observar.
- Você nunca esteve apaixonado?
- (Risos) Ohh... Sim! Inúmeras vezes. Mas nunca são lá muito duradouros.
- Por que?
- Começo a me questionar e tudo fica enjoativo.
Então ela me abraçou longa e profundamente, com a cabeça junto ao meu peito, e com um tom de choro com a voz quase que soluçando disse-me:
- Acho que estou apaixonada. O que está sentido?
- Tem cigarro ai?
- Não.
- Ainda bem, eu não fumo!
- Então por que quer?
- Por que o momento pede.
- Como você consegue falar essas porcarias assim tão rude!
- Não estou falando nenhuma porcaria, talvez porcarias seja o que lhe trouxe aqui!
Sei que ela pensou em me dar um tapa, mas sabia que se o fizesse seria a ultima vez que iria me ver.
- Vou deixa-la em casa.
- Não eu me viro!
- Que é isso, sou um Gentleman.

PARABÉNS SÃO PAULO (MAS NÃO CONTINUE ASSIM)

Nossa cidade hoje faz aniversário e como não poderia deixar de ser, eu como um paulistano relato um pouco minha impressão sobre está cidade.
Aqui não falta nada, temos tudo em excesso bares, teatros, museus, prostíbulos, becos, centros culturais, arranha-céus, baladas, assaltos, transito, cinemas, shoppings, favelas, escolas, faculdades, supermercados, bibliotecas, lojas, táxis, industrias, luxo e miséria se misturando em cada esquina. Talvez isso seja o seu lado bom. Mas São Paulo a maior cidade do país por qualquer chuva sempre é paralisada, é só ligar a televisão e se deliciar. A maquina do país vive emperrando! Desde que me entendo por gente é sempre a mesma coisa, toda chuva é agoureira sempre trazendo desgraça, prejuízo, caos, morte e destruição aos seus moradores. E qual seria a solução para isso? Muita coisa já se foi tentada (piscinões, canalização de córregos, limpeza de rios) mas nada surtiu efeito, todo ano é a mesma coisa enchentes assolam a cidade e a cada ano que passa vem sendo cada vez pior!
Algo tão simples de ser resolvido. Vamos construir uma laje em São Paulo! O céu por aqui é sempre cinzento e nós paulistanos nem iríamos notar a diferença. Poderíamos ainda instalar ar condicionados e ter o clima sempre agradável, não iríamos mais ter mendigos já que todo mundo iria morar debaixo de um teto, transportaríamos e canalizaríamos a água acumulada em nossa laje para os estados mais castigados pela seca como um grande ato de caridade da nossa cidade aos outros estados do pais. Além de fornecer inúmeras vagas de emprego a nós e a outros migrantes do país.
Podem até achar uma maluquice, algo utópico, mas se já tivemos o muro de Berlim, a grande muralha da China, obra esta que pode até ser vista da lua, ou as pirâmides do Egito que até hoje não se tem explicações convictas de seu surgimento, por que nós paulistanos não poderíamos sonhar em ter a nossa laje?

GELADINHO

Meu carro que já não é dos mais modernos vinha apresentando algumas pequenas avarias no motor quando eu resolvi leva-lo a uma oficina. Chegando lá informei aos mecânicos o que estava me transtornando, logo me deram o parecer e eu permaneci no canto da oficina esperando o conserto. E lá no canto onde eu esperava folheando algumas revistas me apareceu uma senhora já muito idosa, com um cesto de isopor vendendo geladinhos caseiros, como a tarde estava muito quente e essa guloseima me fez lembrar os tempos de moleque quando não tinha grana pra comprar sorvete, pedi-lhe uma dessas guloseimas para refrescar a tarde. O que me chamou a atenção era que a senhora não sabia lidar com dinheiro, não identificava o valor das moedas que eu lhe dava, não sabia dar o troco e muito menos o valor que lhe pagavam. Um dos rapazes que trabalhava na oficina, me informou enquanto também comprava uns geladinhos, era que aquela senhora sempre passava por ali levando seu cesto de isopor, que ela lavava uma vida muito sofrida, tendo uma filha doente mental e que trabalhava fazendo geladinhos para comprar os remédios da filha, e que muitos ainda a enganavam levando vantagem da sua ingenuidade. Aquilo me partiu o coração, ouvindo o relato do rapaz ao som da senhora quase que como um desabafo sempre dizendo “ajuda a vó, ajuda a vó”. Muitas pessoas pensam na existência de Deus quando vêem um nascimento de uma criança, uma flor desabrochar ou quando escapam da morte, eu pensei na existência de Deus naquele momento como se fosse inadmissível alguém agir desonestamente com aquela senhora e ficar impune dos mais severos castigos.

FILOSOFIA CABRESTO - I

Lembro-me que há muito tempo atrás, nas aulas de filosofia e artes, mandavam-me usar a criatividade, que nem sempre as coisas eram do jeito que eu enxergava, que era preciso usar a imaginação e o bom senso para se entender os fatos. E então assim eu cresci, ouvindo todo esse papo, com pessoas me dizendo que tudo tem uma outra explicação, mesmo quando nos aparentam ser explicitas.















Seja um incipiente inane! Deixe de enxergar o obvio e aceite a realidade alheia.

Calendário

Pois é patota, mais um ano chegou para nós, para fazermos não sei o que, continuar não sei o que e etc e tal. Nunca fui de crer em misticismos, astrologia, zodíacos e coisas do gênero, mas neste ano como em todos os outros ganhei um calendário do meu serviço (não sei se comentei, mas já trabalho a quase cinco anos para uns japoneses), calendário esse que trazia o ano do Tigre como disse uma das garotas de “olhinho puxado” de lá, disse muito motivada e entusiasmada ser o meu ano, um ano muito importante e aguardado e blá...blá...blá. Não dei muita bola pra esse papo, afinal estou de férias e só fui lá para pegar um pouco de grana, e do jeito que estava o calendário (enrolado com durex) deixei-o em cima da geladeira todo esse tempo. E então com a virada do ano chegou a hora de trocar os calendários da casa, busquei o tal calendário e ao abrir, além de me deparar com um belo desenho de um Tigre, me impressionei com o que vinha escrito nele: “ Ano do Tigre: O Tigre representa o poder, a paixão e audácia. Personalidade vivaz e impulsiva, adoram ser o centro das atenções. Ás vezes tomam decisões precipitadas, mas isso se deve basicamente a sua natureza desconfiada e impaciente. É otimista em busca de novos desafios. – São de Tigre os nascidos em: 2010, 1998, 1986, 1974, 1962, 1950, 1938, 1926 “
Confesso que em muito me identifiquei, minha mãe e meu irmão riram aos montes. Será que entrevistaram algum conhecido?
Mas seja como for, conforme o calendário não ira mudar muita coisa neste ano. E qual é o ano em que alguma coisa mudou?