quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
GELADINHO
Meu carro que já não é dos mais modernos vinha apresentando algumas pequenas avarias no motor quando eu resolvi leva-lo a uma oficina. Chegando lá informei aos mecânicos o que estava me transtornando, logo me deram o parecer e eu permaneci no canto da oficina esperando o conserto. E lá no canto onde eu esperava folheando algumas revistas me apareceu uma senhora já muito idosa, com um cesto de isopor vendendo geladinhos caseiros, como a tarde estava muito quente e essa guloseima me fez lembrar os tempos de moleque quando não tinha grana pra comprar sorvete, pedi-lhe uma dessas guloseimas para refrescar a tarde. O que me chamou a atenção era que a senhora não sabia lidar com dinheiro, não identificava o valor das moedas que eu lhe dava, não sabia dar o troco e muito menos o valor que lhe pagavam. Um dos rapazes que trabalhava na oficina, me informou enquanto também comprava uns geladinhos, era que aquela senhora sempre passava por ali levando seu cesto de isopor, que ela lavava uma vida muito sofrida, tendo uma filha doente mental e que trabalhava fazendo geladinhos para comprar os remédios da filha, e que muitos ainda a enganavam levando vantagem da sua ingenuidade. Aquilo me partiu o coração, ouvindo o relato do rapaz ao som da senhora quase que como um desabafo sempre dizendo “ajuda a vó, ajuda a vó”. Muitas pessoas pensam na existência de Deus quando vêem um nascimento de uma criança, uma flor desabrochar ou quando escapam da morte, eu pensei na existência de Deus naquele momento como se fosse inadmissível alguém agir desonestamente com aquela senhora e ficar impune dos mais severos castigos.
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